Auditoria: polêmica em contratação na Inglaterra
Um postura nada convencional começa a ser adota por uma empresa inglesa na contratação de auditoria independente. A matéria lembra os casos da Eron e Worldcom, que mantinham relações não muito independentes com seus auditores.
(AAS)
KPMG assume auditorias externa e interna da Rentokil e causa polêmica
Valor Online, Notícias CFC
Jennifer Hughes, Financial Times, de Londres
O acordo prevê que a KPMG, nova auditoria externa, assumirá trabalho de auditoria interna ao lado da própria equipe da Rentokil. Anteriormente, a PwC fazia o trabalho externo, enquanto a Deloitte cuidava de grande parte interna.
O esquema é controvertido, uma vez que os escândalos contábeis na Enron e WorldCom resultaram em novas regras em grande parte destinadas a desmembrar os papéis de auditorias externa e interna para evitar que os auditores fiquem excessivamente vinculados a seus clientes.
As questões cruciais estão relacionados com não permitir que auditores auditem seu próprio trabalho interno ou assumam qualquer função administrativa.
A KPMG disse não haver conflitos em seu acordo com a Rentokil e que está consciente da regra.
“Conceitualmente, realizar auditoria interna não caracteriza conflito [de interesses, o que ocorreria] apenas se houvesse maior envolvimento em aspectos mais amplos – como de administração -, algo que não estamos fazendo”, disse Oliver Tant, diretor de auditoria da KPMG no Reino Unido.
Entretanto, especialistas em governança têm questionado a prática de “misturar” auditorias interna e externa. Essa separação baseia-se no princípio de que auditores internos trabalham para a administração, ao passo que externos, ou “independentes”, atendem aos interesses de investidores.
“As duas funções apresentam uma superposição parcial, mas fazem trabalhos bastante distintos, por mais que algum executivo-chefe possa achar que são idênticas”, disse um auditor sênior.
A PwC também fez propostas para assumir a auditoria nesses termos na Rentokil. “Nossa independência é absolutamente vital para que conservemos a confiança do público. Sempre procuramos, onde apropriado, nos basearmos em trabalho de auditoria interna. Tem uma boa relação custo-benefício, mas permite que mantenhamos nossa independência”, disse Richard Sexton, diretor de auditoria na PwC.