Maquiagem na EPSON

Epson inflou lucros no Brasil por nove anos
Folha de São Paulo – 26/2/2009
ÁLVARO FAGUNDES – JULIO WIZIACK

A Epson, fabricante japonesa de equipamentos eletrônicos, como impressoras e projetores de imagens, anunciou ontem os resultados financeiros do terceiro trimestre de 2008 com uma surpresa: diretores nas subsidiárias do Brasil e do México manipularam os balanços, provocando perdas de US$ 45,2 milhões, sendo US$ 13,4 milhões no ano em exercício e o restante (US$ 31,8 milhões) nos nove anos anteriores.

Em comunicado, a empresa afirma que três executivos brasileiros inflaram os lucros em US$ 42 milhões por nove anos, incluindo o ano fiscal corrente.

Uma equipe de investigação do escritório da Epson nos EUA afirmou que o “incidente” foi causado por um erro na hora de ajustar os diferentes padrões contábeis do Brasil e dos EUA. Mas o mesmo comunicado afirma que os executivos brasileiros devem ter tentado “cobrir suas posições”, um jargão que no mercado significa “disfarçar perdas“.

No México, um executivo está envolvido acusado de aumentar os lucros em US$ 4,1 milhões por quatro anos. Segundo a Epson, os executivos foram demitidos ou afastados, mas nomes e a situação de cada um não foram revelados.

Como os números divulgados não impactam os balanços anteriores, segundo a Epson, os US$ 45,2 milhões lançados indevidamente serão computados como perdas extraordinárias no balanço do quarto trimestre de 2008. Até setembro de 2008, as receitas fecharam em US$ 9,9 bilhões, queda de 12,6% em relação ao mesmo período de 2007.

Entre os motivos alegados pela matriz japonesa estão a fragilidade do mercado de tecnologia na América Latina, a falta de controle da contabilidade pelos presidentes das subsidiárias e até a diferença geográfica e de cultura dos países.

Ainda segundo a Epson, os presidentes da filial no Brasil e no México terão de aprimorar o controle da contabilidade. A assessoria da Epson no Brasil disse que o presidente comentaria o caso, mas não retornou até o fechamento desta edição. O escritório dos EUA também não respondeu.

É a segunda vez que uma empresa global do setor admite manipulação contábil em dois meses. Em janeiro, o presidente do conselho da Satyam Computer Services, admitiu cometer uma fraude de US$ 1 bilhão.

Veja também sobre a fraude na Satyam Computer Services,

Editoria: Prof. Alexandre Alcantara