A conta dos tributos
A redução em um dia no tempo necessário para zerar as contas com tributos só ocorreu por duas razões específicas. Uma delas é a correção de 4,5% na tabela do Imposto de Renda, além da ampliação para quatro no número de alíquotas. A outra é a menor taxação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre alguns itens, como veículos, fogões, geladeiras e máquinas de lavar roupas. Um dia a menos, porém, é muito pouco para quem se encontra submetido a um verdadeiro regime de escravidão tributária. É inconcebível que os brasileiros continuem arcando com tanto tributo num país que, além de não propiciar retorno adequado sob a forma de serviços públicos, se esforça para atenuar as consequências da crise internacional no mercado interno.
O mesmo levantamento conclui que, neste ano, os brasileiros irão destinar 40,15% de sua renda bruta para o pagamento de tributos diretos e indiretos. O percentual é um pouco inferior ao de 40,51% registrado no ano passado, mas igualmente elevado o suficiente para impedir maior consumo e maior produção justamente num dos momentos em que o país mais precisa desses pilares para evitar uma descontinuidade muito acentuada no ritmo da atividade econômica. O agravante é que, além de consumir todo esse tempo para pagar tributos, os brasileiros de classe média ainda precisam destinar um período adicional para custear serviços que o poder público nem sempre consegue prover com qualidade em áreas como saúde, educação, segurança e previdência, entre outras.
O descompasso entre a eficiência do poder público em arrecadar nas três instâncias da federação e a dificuldade de fazer com que a arrecadação retorne sob a forma de serviços equivalentes aos valores arrecadados se deve em grande parte à resistência dos governantes em reduzir gastos. A insistência na manutenção e, inclusive, no aumento dos dispêndios com a máquina pública se manteve mesmo depois da confirmação de um impacto considerável na economia brasileira, que o contribuinte, agora, é obrigado a bancar pagando mais imposto do que deveria.