A contabilidade a serviço do desenvolvimento sustentável

por Paulo Caetano
 
A crise, que já se alonga por muito mais tempo que o previsto, trazendo recessão econômica, ebulição social e muitas interrogações, lança dúvidas sobre a continuidade da União Europeia, criada justamente para fortalecer as nações sob as asas do euro. Já não estão ameaçados de desestabilização apenas pequenos países, mas também os mais fortes do bloco. Aparentemente passando ao largo das causas, as medidas governamentais adotadas até o momento parecem mais alimentar as tensões. Surgem movimentos pedindo a cabeça de governos e questionando tanto as soluções pontuais, os arrochos fiscais, os cortes de verbas, como o sistema econômico e os regimes de poder quanto à sua capacidade de oferecer respostas aos problemas.
 
Como idênticos sintomas explodem fora da faixa europeia, nos Estados Unidos, igualmente enfraquecendo as finanças públicas, causando desemprego, produzindo insatisfação e infelicidade, podem pipocar por aqui também e em todos os países que seguem a mesma cartilha.
 
Então estamos avisados. Podemos evitar as incertezas por que passam europeus e americanos fazendo a leitura e a interpretação correta dos
acontecimentos, prevendo  fenômenos e antecipando respostas.
 
Pensar a realidade nacional é o principal compromisso dos Congressos Brasileiros de Contabilidade, apresentando a contabilidade como um
instrumento para auxiliar no crescimento contínuo do país. E, de fato, governos e empresas recorrem cada vez mais a ela principalmente nos momentos de apuro.
 
A 19ª edição do congresso, em agosto de 2012, em Belém, vai debater, a propósito, a sustentabilidade do desenvolvimento, uma pauta nossa e de todos, discutida em inúmeras conferências internacionais, infelizmente sem grandes avanços na prática. São visíveis no planeta os impactos negativos das atividades que destroem os recursos naturais. A elevação das temperaturas e a recorrência de fenômenos climáticos devastadores são alguns sinais.  
 
Não seria exagero afirmar que uma das muitas causas dessa crise, que, como vimos, pode se generalizar ainda mais, é esse modelo de  desenvolvimento levado ao extremo nos países mais avançados e em franca expansão no Brasil e no mundo.
 
Precisamos repensar as práticas de produção, por meio de processos inovadores e tecnologias que permitam a recuperação dos biomas.  Notícia positiva, para nós, é a aprovação do novo Código Florestal Brasileiro, instrumento esperado para conter o desmatamento, a poluição das águas e a degradação do solo na área rural. As atividades industriais são campeãs em desrespeito ao meio ambiente, mas as agrícolas também têm sua culpa.
 
Proteger as bacias hidrográficas, recuperar as matas ciliares e encostas são algumas das suas responsabilidades.
 
Papel da contabilidade é levantar informações sobre esses impactos e apresentá-las aos gestores e à sociedade, permitindo a tomada de decisões,mudança de postura, planejamento, fiscalização e cobrança.  
 

Paulo Caetano: Contador, empresário da contabilidade e presidente do CRCPR

 

Editoria: Prof. Alexandre Alcantara