A análise de balanço é uma das mais importantes ferramentas da contabilidade
A análise de balanço é sem dúvida uma das mais importantes ferramentas da contabilidade, desenvolvida para avaliar dentre outras possibilidades o desempenho econômico, financeira e patrimonial das organizações . Dentre seus principais grupos de usuários temos (SILVA, 2017, p. 8-9):
- Sócios e gestores
- Instituições financeiras
- Clientes e fornecedores em geral
- Investidores
- Comissão de Valores Mobiliários
- Poder Judiciário
- Fiscalização tributária
- Comissões de licitação
- Empregados e sindicatos
Um aspecto muito importante da análise de balanços está relacionada a quantidade de indicadores que se pretende utilizar e em que base de comparação isso será realizado. Quando apresentamos em nosso livro a evolução histórica deste ramo da contabilidade sinalizamos que desde o final do século 19 destacamos de forma bem clara que já havia a preocupação dos profissionais de contabilidade e finanças em apurar índices padrão para segmentos (SILVA: 2017, p. 9).
A quantidade de indicadores a ser utilizada por um analista, portanto, pode variar, de acordo com o tipo de análise que se quer realizar. Nós relacionamos e comentamos em detalhes os seguintes indicadores (SILVA: 2017, p. 135-136):
Quadro 12.1 Principais indicadores a serem estudados.
Indicadores de Rotatividade/Atividade |
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Indicadores de Rotatividade/ Atividade |
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Indicadores Financeiros |
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Situação Financeira, Econômica e Patrimonial |
Liquidez |
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Estrutura de Capital |
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Rentabilidade |
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Entretanto, vários pesquisadores já elencaram uma série muito mais abrangente, conforme (SILVA: 2017, p. 9):
Destacamos quatro obras que vão além desses indicadores clássicos e que merecem destaque pela quantidade apresentada. Não há uma preocupação dos autores em adentrar as nuances de cada um dos indicadores e quocientes listados, porém, apresentam de forma sucinta a sua importância e os elementos que compõem as respectivas fórmulas. Sem dúvida são obras importantes que demonstram as amplas possibilidades de relações entre os elementos que compõem os relatórios contábeis tradicionais. (SILVA: 2017, p. 136-137)
- Analyzing financial statements, de Stephen Gilman (1934). O autor realizou uma pesquisa sobre os dez principais autores americanos que tratavam à sua época sobre análise de balanço e conseguiu identificar ao menos 42 ratios, porém destaca que em alguns casos foi difícil determinar exatamente o que um autor propunha ao descrever o título de seus ratios, o que poderia implicar uma possível duplicação na lista. Ele comenta ainda que de forma prática os banqueiros de sua época davam preferência por observar ao que nós chamamos hoje de liquidez corrente e liquidez seca.
- Manual de análise de balanços, de Rogério Pfaltzgraff (1969). O autor apresenta 105 ratios de análise de balanço agrupados em quatorze áreas temáticas.
- Fórmulas importantes para analisar balanços, de Antônio Lopes de Sá (1982), a qual lista 38 indicadores, agrupados em Quocientes para a análise financeira e Quocientes para a análise da rentabilidade.
- Magic numbers – the 33 ratios that every investor should know, de Temple (2002). O autor apresenta 33 indicadores agrupados em: Market based, Income statement, Balance sheet, Cash flow e Risk, return, and volatility.
Como os perfis de empresas podem variar, considerando o país ou segmento no qual esteja inserida, é recomendável a utilização de indicadores padrão para realizar a análise de uma empresa. Você vai encontrar em nosso livro uma seção específica aonde tratamos do uso da análise de balanço como instrumento de benchmarking, e quais são as principais técnicas e caminhos para sua elaboração (SILVA: 2017 – Seção 8.5 “ANÁLISE DOS DADOS”, p. 95 a 100).
Destacamos que os indicadores contábeis não são definidos em legislação, mas as comissões de licitação, que estão entre as usuárias deste importante instrumento contábil, dela se utiliza para selecionar empresas em seus certames. Nos editais de licitação é determinado quais indicadores contábeis serão considerados e em que percentual, mas em nenhum deles há o embasamento científico que os levaram a determinar este o aquele percentual. Conforme Silva (2017, p. 9), estas comissões buscam.
Avaliar o vulto dos equipamentos e instalações, do capital de giro próprio, da solidez econômico-financeira, buscando identificar se há garantia acessória para o início ou continuidade no fornecimento dos bens ou serviços.
A Lei nº 8.666/1993, que institui normas para licitações e contratos da Administração Pública, em seu art. 31 estabelece que a exigência de índices (constantes em editais de licitação) limitar-se-á à demonstração da capacidade financeira do licitante com vistas aos compromissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores mínimos de faturamento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade.
Estabelece ainda que a comprovação de boa situação financeira da empresa será feita de forma objetiva, através do cálculo de índices contábeis previstos no edital e devidamente justificados no processo administrativo da licitação que tenha dado início ao certame licitatório, vedada a exigência de índices e valores não usualmente adotados para correta avaliação de situação financeira suficiente ao cumprimento das obrigações decorrentes da licitação.
Para saber mais sobre Análise Balanços:
SILVA, Alexandre Alcantara da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2017.