Há fumaça na Gol, e não é nas turbinas

 

Nos dois últimos anos, a Gol somente apresentou lucro no primeiro e no quarto semestres do ano de 2011

Por Reginaldo Gonçalves

Onde há fumaça há fogo. A companhia, Gol Linhas Aéreas Inteligentes vem passando por prejuízos contínuos e que estão gerando problemas na geração de seu caixa em virtude do aumento do seu endividamento. A retração existente no mercado doméstico acabou gerando reflexos para as grandes companhias aéreas, que, através de associações ou fusões e incorporações, buscaram minimizar suas perdas, com melhor aproveitamento de sua estrutura e otimização dos assentos ocupados.

Nos dois últimos anos, a Gol somente apresentou lucro no primeiro e no quarto semestres do ano de 2011, indicando uma situação de aumento das despesas, que não foi acompanhado pelas suas receitas. Ou seja, a empresa, que sempre procurou competir em custos, está vendo que agir estrategicamente dessa forma não gera retorno no curto prazo. Esse diferencial com o aperto financeiro não basta para atrair e manter o cliente cativo. Outras estratégias poderão ser usadas para fidelizá-los.

A busca por parcerias já se iniciou com a Delta Airlines, que comprou uma pequena parte da empresa e participa em seu assento no conselho de administração. Com a parceria, a Gol buscou facilitar a exploração de voos internacionais de alto valor agregado e maior margem de rentabilidade. Infelizmente, o que aparenta é que mesmo com essa associação a necessidade de caixa e os prejuízos contínuos exigem alternativas para viabilizar o negócio, num momento propício, pois há todo um público que não tinha perspectivas de viajar e atualmente, com a melhoria da renda, também tem acesso ao turismo e as viagens de avião.

As primeiras conversas com a Qatar Airways podem ser um forte indicativo de que os executivos da Gol buscam alternativas como fusão, Incorporação ou até mesmo uma parceria voltada à injeção de capital novo, buscando novos investimentos no ativo e redução do seu endividamento oneroso, para dar novos saltos.

O mercado doméstico vive situações novas. A preocupação do governo é manter um serviço de qualidade em virtude da Copa do Mundo e pessoas que deverão deslocar-se para o País. A melhoria na sua situação de endividamento e o aproveitamento da perspectiva de aumento no uso dos serviços da companhia somente será possível se ela tentar enfrentar um mercado no qual o PIB tem perspectivas de fechar o ano com crescimento de 1,64%. Assim, as empresas que trabalham nesse segmento precisam criar alternativas viáveis e novas para enfrentar as turbulências, já que o aumento das despesas relacionados a equipe, combustíveis e manutenção são os principais problemas que enfrentam, impactando negativamente seu resultado e o fluxo de caixa.

A fumaça já existe e o mercado acionário acredita em mudanças, inclusive por meio de uma possível combinação de negócios. Resta saber de qual forma a Gol busca essa alternativa, que poderá criar novas situações para as concorrentes que atuam em mercados similares. A aviação regional, por enquanto, não sofrerá tais impactos.

Reginaldo Gonçalves – Coordenador de Ciências Contábeis da FASM (Faculdade Santa Marcelina). – administradores.com.br


Editoria: Prof. Alexandre Alcantara