A educação é o caminho

por Augusto Bernardo Sampaio Cecílio(*)
 
 
Ultimamente tenho recebido e-mails de todo o Brasil cuja palavra mais lida é “farra”. Farra das passagens aéreas, farra com o dinheiro público, enfim, abordagens pesadas que vão desde “país de tantas festas e pouco pão”, passando por universidades e escolas que não recebem verbas necessárias para que suas salas e laboratórios sejam equipados adequadamente a fim de que os professores possam promover uma educação decente e formadora; falta de atendimento profissional humano, respeitoso e decente em determinados hospitais ou postos de saúde, e quando isso acontece o médico é considerado um verdadeiro altruísta ou político querendo se eleger ou reeleger; queixa de aposentados que trabalharam a vida toda e que agora recebem quantias limitadas, enquanto que determinados políticos necessitam de alguns poucos anos de contribuição para assegurar uma tranqüila aposentadoria; queixas que esbarram na constatação de que se o nosso povo tiver acesso a uma educação de qualidade e parar de se preocupar com as filas de atendimento médico, então passará a se importar com a forma como o dinheiro arrecadado é gasto. 
 
Todos nós, educadores, sabemos que o momento exige que como formadores de opinião, tomemos posições a favor de uma nova escola que seja voltada para a formação de cidadãos. Tal postura requer o enriquecimento do currículo escolar com temas contemporâneos possibilitadores de convivência contemporizadora das exigências do novo milênio, de modo real e satisfatório. 
 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais sinalizam para essa proposta, porque vêm de encontro a esses anseios, considerando a necessidade de construir referenciais comuns ao processo educativo, permitindo ao alunado acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários para o pleno exercício da cidadania. 
 

A inserção dos temas transversais no currículo escolar requer o compromisso com a nova maneira de ensinar, cuja base é fundamentar valores, procedimentos e concepções, que permeiem a vida cotidiana da sociedade. Portanto, essa nova perspectiva tem como essência uma Escola-Viva, contextualizada com as tendências e práticas viabilizadoras de participação ativa e construtora da sociedade contemporânea. 
 
Sendo a Educação Fiscal um tema contemporâneo de urgência social, permanente, sistemático e curricular, deve ser trabalhada de forma transversal, perpassando por todos os componentes curriculares, enriquecendo atitudes educativas que consolidem a valorização da vida e do bem-estar social. Quanto melhor ela for inserida em cada componente curricular, e quanto maior for a integração entre todos os componentes, mais eficaz será o ensino-aprendizagem contextualizado e comprometido com o social. 
 
É essencial que o planejamento pedagógico contemple a construção de conhecimentos, que propiciem o desenvolvimento de competências e habilidades que sejam disponibilizadas para a ação eficiente do aluno ante as situações da vida, portanto os focos temáticos a serem abordados e formalizados deverão estar de acordo com a realidade, numa perspectiva particular, mas também globalizada. 
 
A Educação Fiscal se alinha a um amplo projeto educativo, para criar uma consciência cidadã e de construção de conhecimentos específicos sobre direitos e deveres. Desse modo, o currículo escolar fica enriquecido com a inclusão desses focos temáticos relacionados à vida na sociedade, quais sejam: a função socioeconômica dos tributos e sua relação com os bens e serviços públicos; difusão dos direitos e deveres que efetivam a cidadania; as políticas públicas; o homem como ser social; as necessidades básicas; a educação, a saúde, a segurança; bem público: patrimônio coletivo; valorização da escola, um bem a ser preservado, além da defesa e a preservação do patrimônio histórico, cultural e ambiental. 
 
Todos esses instrumentos didáticos e outros que surgirão graças à criatividade do educador, com certeza possibilitarão um aprendizado eficiente e eficaz mesclado com a capacidade de resolver problemas, responsabilidade, solidariedade, tolerância e sociabilidade. 

 


(*) Augusto Bernardo Sampaio Cecílio, é Auditor Fiscal da Sefaz e coordena o Programa de Educação Fiscal no Amazonas.


 

Editoria: Prof. Alexandre Alcantara