Fisco EUA: Escândalo traz à tona nova tática do Fisco: vasculhar o Facebook

Expediente foi usado contra membros do Tea Party que pediram isenção de impostos – e mostra até onde a Receita americana pode chegar

 
Conservadores temiam ser punidos por postagens no Facebook
 
 
A mais recente revelação do escândalo envolvendo o Fisco americano, acusado de perseguir grupos conservadores que tentavam conseguir isenção de impostos, traz um dado alarmante: o órgão equivalente à Receita Federal nos Estados Unidos vasculha até o Facebook de seus contribuintes. Segundo a organização americana de jornalismo investigativo Politico, o Fisco analisou posts de grupos não alinhados ao governo democrata, numa tentativa de limitar as vozes contrárias durante as eleições presidenciais do ano passado – exatamente o período em que aumentaram reclamações contra as revisões feitas pelo órgão.
 
O Fisco também pediu para saber que livros os conservadores estavam lendo, mostrando que a minuciosa e controversa investigação ultrapassou a busca por dados confidenciais e examinou também as informações pessoais. 
 
O Politico teve acesso a documentos, examinados pelo Fisco em 2012, de 11 membros do Tea Party e de outros grupos conservadores examinaram que mostram que o IRS (Receita Federal dos EUA) queria saber absolutamente tudo sobre eles – até mesmo o que estavam pensando. Eles tinham cópias dos sites, blogs e postagens em redes sociais dos conservadores, que temiam ser punidos por algum tweet ou post no Facebook.
 
O relatório do inspetor-geral do Tesouro americano divulgado na terça-feira mostra que o próprio Fisco decidiu sobre as questões abusivas a que foram submetidos membros dos grupos conservadores. O documento não conclui que a prática era inapropriada, preferindo dizer que era errado o critério de seleção usado para identificar as organizações que seriam alvo de escrutínio. O texto culpa falhas de gestão no Fisco pela perseguição aos grupos conservadores.
 
Segundo o relatório, mais da metade dos grupos que foram selecionados para fornecer mais informações tiveram de passar dados “desnecessários”, como o nome de doadores e “o tipo de conversas e discussões de membros e participantes” durante as reuniões da organização. O documento confirma que, ao longo de 18 meses, todos os grupos que tinham “tea party” e “patriotas” eram submetidos a revisões.
 
Alguns desses conservadores contaram ao Politico que foram exigidos deles “toneladas de informação”. Foram pedidos os currículos dos mais altos membros dos grupos e descrições de suas entrevistas à imprensa. Um deles disse que foi obrigado a dizer até quantos minutos duravam as reuniões do conselho do grupo. Alguns grupos contaram ter desistido da isenção de impostos diante dos questionamentos absurdos.
 

Fonte: Veja, 15/05/2013 | 11h56min – via Paraiba.com.br


Editoria: Prof. Alexandre Alcantara