Livros contábeis digitais só no Brasil, será?

Por Mauro Negruni

Entre tantas palestras que já assisti sobre SPED, ganhei uma grata surpresa no dia 12 de novembro, durante a realização da primeira CISPED – Conferência Internacional sobre SPED. Óbvio que, em um evento desta envergadura, só haviam “feras”. Porém, o conteúdo da palestra do Paulo Roberto da Silva – Grupo Gerdau, sobre Livros Digitais pelo Mundo, foi fantástica.


Caiu a farsa de muitos discursos: “este esquema de publicação é coisa do governo A ou do B” e “só aqui no Brasil, mesmo, para ter uma coisa dessas!”. Perdoem-me aqueles que ainda acreditam que a globalização é só para capitalistas que querem abusar de economias frágeis. As boas ideias não duram uma semana de forma inédita na WEB. E mais, acredito que isso é bom. Ora, se uma experiência é válida em um país, por que não adaptá-la a realidade local? Isso vale para o Brasil, assim como vale para o Brasil dar exemplo.


O Paulo falou durante cerca de 40 minutos, imagino. Não percebi o tempo passar porque estava absorto no conteúdo apresentado. Ver que os livros digitais estão se propagando pelo mundo (Austrália, Holanda, Peru, Chile, etc) foi emocionante. Claro, já tínhamos informações de convênios em que o Brasil havia fornecido o sistema de NF-e para outros países, mas ter ciência de que estamos num caminho no qual não estamos isolados é animador, afinal, é sempre bom ter para quem olhar, mirar e, eventualmente, socorrer-se. Não por disputa, mas por afinidade. Se outros países estão adotando os livros digitais, então estamos realizando as melhores práticas.


A plateia ficou em absoluto silêncio enquanto o Paulo falava. Estávamos nos enxergando nos slides porque, mesmo que alguns países tenham iniciado seus projetos antes dos brasileiros, sabemos que os números do Brasil são bastante desafiadores. Mais de cinco bilhões de notas fiscais emitidas eletronicamente. Para a maioria das empresas, não cabe mais questionar se prefeririam voltar à era da emissão em papel, pois não sabem mais “pensar” nos processos do tempo da modelo 1.


Foi um misto de orgulho, satisfação e emoção. Eu fiquei, como a grande maioria, em completa sintonia com a apresentação e, a cada pouco, suspirava (talvez seja minha veia poética) e pensava: ainda irei mostrar aos meus filhos (são pequenos), quando adultos, que seu pai participou desta revolução digital. Sigo sempre pensando: vou curtir a viagem e não somente o destino. Estamos escrevendo a história deste país, assim como os precursores das eleições eletrônicas. Ou você, se vota, preferia votar em cédulas de papel e contar voto a voto?


Fonte: Baguete via Blog José Adriano


Editoria: Prof. Alexandre Alcantara