Auditoria: será que a solução é uma boa maquigem

Matéria recém publicada pelo Valor Econômico aborada a questão da imagem desgastada da empresas de auditoria no Brasil. O IBRACON segundo a matéria irá adotar algumas iniciativas cosméticas para melhorar a esta imagem negativa.

 

Uma infeliz abordagem do articulista, pois ao usar o termo "cosmético" incorporou tudo o que os auditores não quere ter: sua imagem associada à maquiagem de demonstrações contábeis.

 

Outra abordagem infeliz foi considerar quem não pe auditor de baixo clero da contabilidade.

 

De qualquer forma, esta é uma boa iniciativa do IBRANCON, pois realmente a auditoria independente no Brasil e no mundo passa por uma séria crise de credibilidade.

 

Veja a seguir a íntegra da matéria:

 


Auditores buscam melhorar imagem

 

Contabilidade: Ibracon, que representa profissão, lançará nova marca, revista trimestral e prêmio para imprensa e academia.
 

Nelson Niero | De São Paulo
 

O Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) anuncia hoje iniciativas para tentar melhorar a imagem da profissão, o alvo preferencial das críticas toda vez que algum escândalo contábil vem a público. 

 

Além de uma medida cosmética – uma nova marca para o instituto -, o Ibracon vai lançar uma revista trimestral e um prêmio anual para a imprensa e a academia. "Queremos ter uma comunicação mais periódica com esses públicos", disse Ana María Elorrieta, presidente do instituto.

 

Uma pesquisa foi feita para se estabelecer esse "plano de imagem", mas Ana María não deu detalhes sobre os resultados. Ela também ressalta que a mudança não tem relação com a fraude do banco PanAmericano, que levou seu auditor, a Deloitte, às manchetes dos jornais.

 

"Essas ações começaram há alguns anos, quando passou a ser montada uma nova estrutura no Ibracon", afirmou. "Queremos nos comunicar melhor."

 

A ideia, evidentemente, não é nova. Outros tentaram antes, mas persiste a percepção generalizada de que o auditor é uma espécie de polícia dos balanços. A cada fraude, a pergunta é a mesma: "Onde estavam os auditores?" Certamente checando se as informações fornecidas pela empresa estavam de acordo com as normas contábeis vigentes, o que, de fato, são pagos para fazer.

 

Uma década rica em falcatruas nacionais e internacionais, desde os bancos Nacional e Econômico, passando por Enron e Parmalat, até Lehman Brothers, fizeram com que os auditores ficassem mais atentos para manipulação dos números – as normas da profissão ficaram mais rígidas -, mesmo porque o que está em jogo no fim das contas é seu emprego e a sobrevivência da sua firma. É provável que a imagem de sabe-tudo tenha sido criada pelos próprios auditores, quando vestem a roupa de consultor para tentar vender seus planejamentos tributários, implantar sistemas de gestão e outros serviços que nada têm a ver com a checagem dos balanços.

 

Nesse sentido, Ana María admite que um dos objetivos do plano de comunicação é tentar reduzir o vão entre a expectativa do público e o serviço realmente prestado pelos auditores.

 

Ainda assim, ela garantiu que o Ibracon, fundado em dezembro de 1971, não está passando pela crise dos 40. Mas uma crise de identidade não seria novidade.

 

O Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Iaib) surgiu para representar os auditores – e especialmente diferenciá-los do "baixo clero" da profissão, representado pela grande massa de contadores que executa trabalhos mais mundanos. Dez anos mais tarde, mudou de nome para Instituto Brasileiro dos Contadores (Ibracon) exatamente para apagar a imagem elitista e atrair novos associados. Mais dez anos, em 2001, o nome – e o objetivo – voltou ao original, mas manteve-se a sigla "popular", o que pareceu uma tentativa de agradar dois mundos que pouco têm de comum além de um diploma. (Colaborou Fernando Torres)

 

Fonte: Valor Econômico (via FENACON – grifos nossos)


Editoria: Prof. Alexandre Alcantara