Auditoria: Europa incomodada – II
Domínio das quatro grandes é colocado em xeque por concorrentes na Europa |
por Adam Jones | Financial Times, de Londres
Quatro redes internacionais de contabilidade adotaram a atitude incomum de exortar conjuntamente a promoção de mudanças no mercado de auditoria na Europa, argumentando que a intervenção regulatória é necessária para diluir o poder das maiores firmas da profissão.
BDO International, RSM International e Grant Thornton International, quinta, sexta e sétima maiores redes pelo critério de honorários, segundo o International Accounting Bulletin, se aliaram à rival de menor porte, Mazars, para pressionar a Comissão Europeia.
Eles querem que Michel Barnier, comissário para Mercado Interno da UE, tome providências para reduzir o domínio de Deloitte, Ernst & Young, KPMG e PwC na auditagem de companhias de grande porte, registradas em bolsa.
Num comunicado conjunto divulgado para coincidir com o começo de uma conferência em Bruxelas para debater reformas na auditoria e nas demonstrações financeiras, na quarta-feira, eles disseram que fracassaram as tentativas no âmbito do mercado de reduzir a concentração.
Eles pediram a proibição da prática usual dos credores de exigir que uma companhia seja auditada por uma das quatro grandes. Também solicitaram a adoção de medidas que obriguem as companhias a reavaliar suas nomeações de auditorias regularmente e que levem em consideração outras firmas.
As redes disseram que a noção de dividir uma auditoria entre duas ou mais firmas merecia consideração. Elas também apoiam uma abordagem mais pan-europeia com respeito à supervisão das auditorias.
A Comissão Europeia emitiu um artigo para discussão em outubro de 2010, sugerindo várias intervenções potenciais no mercado de auditoria na esteira da crise financeira.
Um dos temores da Comissão é que um colapso de uma das quatro grandes redes, ao estilo Andersen, possa causar dano à estabilidade do sistema financeiro global, por meio da interrupção do fluxo de informação de companhias auditadas.
As ideias procedentes de Bruxelas incluem o rodízio obrigatório de auditorias, aplicação de compartilhamento de trabalho e uma extensão do escopo do auditor para cobrir mais informação voltada para o futuro.
Há quem questione a necessidade de promover grandes mudanças no ofício em meio a tantos temas urgentes derivados da crise financeira, porém, com as companhias multinacionais particularmente hostis à interferência regulatória.
BDO, Grant Thornton, RSM e Mazars disseram que cada uma delas está plenamente disposta a colocar de lado diferenças individuais para obter intervenção regulatória. Elas negaram alegações de que não teriam investido o bastante nos seus negócios para concorrer com as quatro grandes no topo do mercado de auditoria.
Jeremy Newman, executivo-chefe da BDO International, disse: "O mercado subestima e não percebe quanto dinheiro estivemos investindo".
Ele acrescentou, porém, que houve áreas onde a BDO avaliou que o investimento seria inútil atualmente. |
Fonte: Valor Econômico, via FENACON Leia também: Auditoria: Europa incomodada – I |
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