Por Martha San Juan França
Jornal Brasil Econômico – 28/08/10 07:30
Primeira empresa do segmento de seguros a adotar a tecnologia da certificação digital para a troca de documentos eletrônicos com seus 27 mil prestadores de serviços, a Sul América Saúde fez o seguinte cálculo.
Considerando que uma tonelada de papel corresponde a cerca de 50 eucaliptos, 100 mil litros de água e 5 mil quilowatt de energia, se todo o setor de saúde eliminasse as transações em papel para consultas e exames, seria possível economizar de 25 mil a 30 mil eucaliptos, 51,5 milhões de litros de água e 2,5 milhões de quilowatts de energia.
Foi assim que a empresa adotou o sistema de certificação, que protege as transações eletrônicas com mecanismos de segurança, para o envio de faturas dos prestadores.
O objetivo inicial era gerar economia, eficiência e rapidez nos serviços prestados, seguindo as diretrizes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que padroniza o intercâmbio de dados entre operadoras de planos de saúde e prestadores de serviços.
Mas os benefícios indiretos se fizeram sentir quando constatados os cálculos acima.
“Hoje, a certificação digital está sendo analisada de uma forma corporativa pela comissão de sustentabilidade da empresa”, afirma Marco Antunes, diretor de operações da área de saúde da Sul América.
A iniciativa faz parte das práticas de tecnologia da informação voltadas para a redução do uso de recursos naturais e geração de resíduos poluentes, a TI verde, de forma a evitar ou diminuir prejuízos ambientais.
O conceito vai mais além, ao propor ações no sentido de rever padrões de desperdício no uso de insumos no processo de produção.
Menos burocracia
“O mundo físico custa algumas centenas de vezes mais do que o eletrônico”, afirma Júlio
Consentino, vice-presidente da Certisign, pioneira no Brasil em certificação digital e uma das nove autoridades certificadoras habilitadas pela Receita Federal.
Ele não se refere apenas ao volume de papel e o que é gasto para produzi-lo, mas também ao transporte necessário para enviar esse material e o espaço físico para guardá-lo.
Sem falar na redução de despesas postais, impressão, carimbo, etiqueta e movimentação interna da documentação que gera versões de comprovantes, perdas, necessidade de firmas reconhecidas e uma infinidade de recursos que a burocracia determina.
Hoje, estamos passando por uma fase de transição para o uso da certificação digital. “Além das seguradoras, bancos, judiciário, administração pública estão aderindo ao sistema”, afirma Consentino.
Ele lembra que o número de empresas que vão precisar de certificação digital deve crescer exponencialmente à medida que a assinatura eletrônica, que confirma a autenticidade de documentos, é exigida para aquelas que emitem nota fiscal eletrônica.
Além disso, as companhias inscritas no regime tributário de lucro presumido precisam da certificação para declarar à Receita Federal suas obrigações.
Um exemplo é o Hospital Infantil Albert Sabin, o primeiro a adotar o processo para licitações, segundo projeto da Procuradoria Geral do Estado.
“Hoje, esses processos exigiam um fluxo complexo que chegava a durar 60 a 90 dias”, diz o diretor-geral Walter Frota. “Com a agilização do sistema, a expectativa é de uma redução de trinta dias ou mais.”