SEC apura fraude contábil nos EUA
Diebold é alvo de acusações de fraude contábil nos EUA
William McQuillen e Joshua Gallu, Bloomberg, de Washington
04/06/2010
Três executivos da americana Diebold estão sendo acusados de envolvimento em práticas contábeis fraudulentas para inflar os lucros da companhia, num período que vai de pelo menos 2002 a 2007. Uma ação está sendo movida contra eles na justiça americana pela Securities and Exchange Commission (SEC).
A SEC também chegou a acusar a própria fabricante de caixas automáticos (ATMs) para bancos, mas segundo um comunicado divulgado pela comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, as partes chegaram a um acordo de US$ 25 milhões. A Diebold informou em maio de 2009 que havia firmado um acordo com a SEC, que foi concluído na quarta-feira.
A diretoria financeira da Diebold recebia relatórios comparando seus resultados atuais com as previsões de lucro dos analistas e então criava listas de meios para eliminar as diferenças, disse a SEC. Segundo a SEC, a companhia reconhecia receita de maneira impropria ou inflava seu desempenho financeiro. A Diebold “manipulava regularmente os lucros para que eles batessem com as previsões”, afirmou a SEC na petição enviada a uma corte federal de Washington.
A SEC também entrou com uma ação em uma corte federal de Ohio contra Gregory Geswein, ex-diretor financeiro da companhia; Sandra Miller, ex-diretora de contabilidade corporativa; e Kevin Krakora, ex-controlador e posteriormente diretor financeiro. Somente Krakora continua na companhia, segundo informou o porta-voz Michael Jacobsen. O caso contra os executivos está em andamento, informou a SEC.
“Estamos profundamente desapontados porque cinco anos depois de Geswein ter saído voluntariamente da Diebold, e por conta própria, a SEC esteja agora fazendo antigas alegações”, disse o advogado de Geswein, Stephen Scholes, em um comunicado. “Geswein nega enfaticamente as acusações da SEC.”
John Carney, da Baker Hostetler de Nova York, advogado de Krakora, disse que não tinha o que declarar no momento. Um advogado de Miller não retornou as ligações telefônicas feitas pela Bloomberg para comentar o assunto.
A companhia não admitiu nem negou qualquer irregularidade no acordo. Walden O’Dell, ex-executivo-chefe da Diebold, concordou em devolver à companhia mais de US$ 470 mil que recebeu em bonificações em dinheiro, 30 mil ações da Diebold e 85 mil opções de ações, muito embora ele não tenha sido acusado de má conduta, informou a SEC. “Estamos satisfeitos por termos chegado a um acordo final com a SEC”, disse Thomas Swidarski, presidente e executivo-chefe da Diebold.
Swidarski estará em São Paulo na próxima semana para participar de uma palestra durante o Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras (Ciab). O Brasil tem um peso fundamental nas operações globais da Diebold, respondendo por 20% das vendas da companhia.
Com 3,2 mil funcionários distribuídos pelo país e duas fábricas em Manaus, a Diebold lidera o mercado de caixas de ATM no país. Em março, em entrevista ao Valor, Swidarski disse que a companhia vai produzir entre 15 mil e 20 mil ATMs neste ano para alimentar o mercado brasileiro. No ano passado, a empresa fabricou 18 mil ATMs no país.
A companhia, que também venceu a maioria das licitações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nos últimos anos, deve entregar 165 mil urnas ao governo até agosto. O contrato, avaliado em R$ 204 milhões, prevê o fornecimento total de até 250 mil equipamentos. Em 2009, a subsidiária cresceu 15% em faturamento, atingindo R$ 1,15 bilhão em vendas, sem incluir nessa conta as urnas eletrônicas. Mundialmente, a receita da Diebold foi de US$ 2,7 bilhões no ano passado. A companhia tem mais de 17 mil funcionários distribuídos por 90 países. (Colaborou André Borges, de São Paulo)
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