O Roubo da História
Se não aconteceu em Nova Iorque pouco interessa. Tudo gira ao redor deles, com eles, para eles. Não ouvem ninguém, não vêem ninguém, os outros não interessam. O que lhes importa é a sua satisfação pessoal etnocêntrica e que tudo o mais vá pro inferno.
Por causa de coisas dessa natureza, um grande intelectual britânico (isso mesmo, inglês) escreveu um livro sensacional intitulado O Roubo da História. Em uma das apresentações da obra, o resumo alerta a todos e traz-nos para reflexão a seguinte exposição:
“Se o Ocidente tivesse levado a sério Jack Goody, teria entendido melhor o desenvolvimento supostamente inexplicável da China, assim como o surgimento dos “tigres asiáticos” e do próprio “milagre japonês”. O mundo não se resume à Europa e aos países de colonização européia. Óbvio? Talvez. Mas o fato é que nunca houve um livro como O Roubo da História. Nesta obra, o autor critica aquilo que considera um viés ocidentalizado e etnocêntrico, difundido pela historiografia ocidental, e o conseqüente “roubo”, perpetrado pelo Ocidente, das conquistas das outras culturas. Goody não discute apenas invenções como pólvora, bússola, papel ou macarrão, mas também valores como democracia, capitalismo, individualismo e até amor. Para ele, nós, ocidentais, nos apropriamos de tudo, sem nenhum pudor. Sem dar o devido crédito”. Ele só esqueceu-se de citar diretamente o ouro, o cobre, os diamantes, as especiarias e tudo quanto os europeus puderam roubar da África e América Latina.
Claro que nossa cultura não é muito dada ao cultivo da Ética no sentido mais largo do termo. O que nos importa é o sentimento de posse, propriedade, poder, domínio.
Tudo isso justifica a existência do capitalista. Solidariedade, fraternidade, igualdade em seus significados mais amplos são valores “teóricos, abstratos, inalcançáveis”. Ou seja, isso é coisa para alienados ou babacas que “nunca caem na real”.
O fato é que o professor Jack Goody, antes de se afastar desse mundo trôpego, dá sua contribuição e de lá, de sua prestigiosa Universidade de Cambridge, manda seu recado. Claro que aqueles velhos teóricos de Viena ou da Escola de Economia de Chicago, herdeiros do Neoliberalismo de Friedman e Hayek devem ter ficado furiosos com o velho professor inglês.
Insisto que em razão do “fracasso dos sistemas Capitalista e Socialista” que estão à nossa disposição faz-se necessário urgentemente uma revisão de todo o processo de organização mundial, para que tenhamos um planeta mais justo, mais humano. A ONU, o Banco Mundial, o FMI, o G-7, o G-20, os BRIC, CEPAL, OCDE, OEA, MERCOSUL, OCDE, União Européia, precisam revisar o mundo e redirecioná-lo para algo que explique a existência do homem como algo justificável. Do jeito que está, como diria doutor Fernando Henrique, não dá! Como não foi possível o ponto de intercessão entre as virtudes do Capitalismo com as do Socialismo, é hora de refazer tudo. Precisamos de uma Terceira Cultura, já! É isso aí