Japão alerta para risco de adoção do conceito americano de valor justo

Atsushi Saito, presidente da Bolsa de Valores de Tóquio, disse que uma iniciativa de aproximar as normas contábeis internacionais do sistema de “valor justo pleno” dos Estados Unidos poderá colocar em risco qualquer decisão japonesa de adotar as regras globais.

Saito afirmou que as companhias japonesas estavam preocupadas com as posições divergentes dos EUA e do Comitê Internacional de Normas de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês), que formula as regras para a maioria dos países, exceto EUA e Japão, sobre o uso do sistema de valor justo.

As regras de valor justo, que exigem que ativos sejam marcados a preços de mercado, são responsáveis, para algumas pessoas, por exagerarem os prejuízos dos bancos na crise. Seus defensores dizem que elas ajudam a transparência da contabilidade. O debate ameaça tumultuar um plano internacional para criar um padrão global único de alta qualidade.

Na primeira etapa das novas regras sobre contabilidade financeira publicadas no mês passado – o chamado IFRS 9 – o Iasb apoia um uso mais limitado do valor justo na comparação com o que o Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb, na sigla em inglês) dos EUA tem feito até agora.

Saito disse que qualquer mudança adicional promovida no IFRS 9 para aproximá-lo ainda mais à posição dos EUA poderá colocar a implantação plena das regras do IFRS pelo Japão numa “situação grave”. Para ele, as companhias japonesas estavam satisfeitas com as regras do IFRS 9, que permitem que empréstimos ou instrumentos semelhantes a empréstimos sejam avaliados pelo custo em lugar do valor justo.

Observadores sugeriram que o Iasb poderá ter de se aproximar do Fasb dos EUA para selar o processo de convergência internacional.

O Japão deverá decidir em 2012 se tornará a adoção do IFRS obrigatória para as companhias japonesas. A Agência de Serviços Financeiros (FSA, na sigla em inglês) do país deu um grande passo neste mês, quando decidiu permitir que companhias nacionais usassem o IFRS a partir de março.

O FSA do Japão também encerrou a opção, para algumas empresas japonesas listadas em bolsa, de estas apresentarem seus demonstrativos financeiros consolidados segundo as normas contábeis dos EUA.

Saito disse que uma pequena companhia japonesa não mencionada já optou por apresentar a sua contabilidade segundo o IFRS. Ele espera que várias companhias de maior porte, como a Sumitomo Corporation, façam o mesmo nos próximos anos.

Mais de cem países usam ou estão prestes a adotar o IFRS.

Saito acredita que no futuro o IFRS possa se tornar a norma global dominante e que o Fasb possa se transformar “em um dos padrões locais”.


Fonte: Valor Econômicao (de Financial Times, de Londres), via Agência de Notícias CFC

Editoria: Prof. Alexandre Alcantara