Normas contábeis ajudam Commerzbank

O Commerzbank está prestes a se tornar o maior beneficiário de uma mudança proposta nas normas contábeis alemãs que deverão aliviar a pressão sobre as reservas de capital dos bancos.

A mudança poderá ser efetivada neste mês – em tempo de os bancos alemães usarem a medida quando informarem seus resultados de segundo trimestre – e está sendo apoiada pelo Ministério das Finanças em meio a crescentes preocupações de que as companhias ficarão exauridas de crédito se o setor financeiro continuar entesourando capital.

Ela também poderá aliviar a pressão aplicada sobre os balanços patrimoniais dos bancos se estes precisarem colocar de lado mais capital para cobrir os crescentes calotes sobre empréstimos contraídos, como os analistas esperam que aconteça, à medida que a economia alemã vai sendo submetida a uma profunda recessão.

Bafin, a entidade reguladora alemã, está sendo pressionada pelo Ministério das Finanças para afrouxar uma exigência que estipula que os bancos façam deduções do seu capital com respeito a perdas antecipadas em alguns títulos financeiros, que são mantidos nos balanços patrimoniais como títulos disponíveis para venda.

Bancos em países como França e Reino Unido não precisam fazer essa reserva de reavaliação, enquanto alguns bancos estatais alemães também usam normas contábeis diferentes.

No caso do Commerzbank, a reserva de reavaliação para perdas antecipadas somou € 2,85 bilhões (US$ 4 bilhões) no fim do primeiro trimestre.

Pessoas familiarizadas com o segundo maior banco alemão – que tem dificuldades em absorver o Dresdner Bank e que não deverá apresentar lucro em 2011 – disseram que a mudança proposta pelo Bafin poderá acrescentar até 0,9% ao seu índice de capital de nível 1. O índice – um indicador estratégico do vigor do balanço patrimonial – estava em 10,2 no fim do trimestre.

O governo da Alemanha, que também fez gestões nos dias recentes para a adoção de mudanças em toda a Europa para aliviar as pressões que incidem sobre o capital dos bancos, já detém influência considerável sobre o Commerzbank. Ele assumiu uma participação acionária de pouco mais de 25%, além de ter fornecido mais de € 18 bilhões em capital híbrido para socorrer o banco e assegurar sua tomada de controle do Dresdner.

Pessoas com conhecimento do Deutsche disseram, porém, que o efeito da mudança de norma proposta pelo Bafin sobre o capital de nível 1 do banco será consideravelmente menor do que aquele número total – talvez aproximadamente € 100 milhões. Por exemplo, a mudança da norma só se aplicaria a títulos detidos por bancos, não a ações.

O Commerzbank e o Deutsche não quiseram comentar, mas a associação bancária do setor privado da Alemanha saudou a mudança de norma proposta. “Isso representa uma forma eficaz e lógica para fortalecer o capital regulador dos bancos e, por conseguinte, sua capacidade de oferecer empréstimos”, disse a associação. A consulta do Bafin sobre a medida deverá terminar no fim desta semana.

James Wilson, Financial Times, de Frankfurt 08/07/2009

Fonte: Valor Econômico, via FENACON
NOTA

Editoria: Prof. Alexandre Alcantara