Análise de balanços e consciência crítica
Interessante artigo mostra que a Análise de balanços deveria ser compreendida por todos. Segundo o autor “todos que se manifestam sobre o lucro deveriam consultar e entender as publicações dos balanços das nossas empresas para não venderem à população uma falsa consciência e realidade do que está acontecendo no Brasil. Se nas escolas os nossos alunos aprendessem a ler os balanços das empresas, poderiam verificar isso por si mesmos e expressar as suas convicções, ajudando a formar um país melhor“.
O Lucro Lucro é a justificativa moral da empresa, para ter o direito de permanecer viva, existindo e expandindo. Tem a sua essência no custo. O que qualquer empresa comercial ou industrial faz é comprar no mundo, de pessoas ou empresas, e disponibilizar ao longo do tempo, em outros mercados, com suas transações, os produtos anteriormente adquiridos ou transformados, agregando-lhes valor. Assim como os seres vivos necessitam do oxigênio para viver, a empresa necessita do lucro para continuar a progredir, expandir, gerar postos de trabalho, pagar salários e impostos. Enfim, ser fonte geradora de riqueza e, desta forma, ser útil à sociedade. É inconcebível a falta de inteligência de certas pessoas deste País, que se valem diariamente das benesses oferecidas pelas empresas, exigem cada vez mais serviços, comodidades e conveniências, ao mesmo tempo em que querem negar às organizações o sagrado e necessário direito ao sucesso, que é obtido com o lucro. Certamente não sabem que o lucro médio das redes de supermercados, segundo a revista Supermercado Moderno, é de 2,2%, e que uma em cada sete das empresas de capital aberto constantes no Anuário 2008 – Análise Companhias Abertas teve prejuízo em 2007. Ainda, não se deve esquecer que estamos falando de empresas que têm tecnologia de ponta, constando entre as melhores e mais fiscalizadas do País. Obter 2,2% de lucro nos produtos vendidos ao consumidor não pode e nem deve ser considerado uma “exploração dos empresários”, como alguns governantes pregam e professores de universidades ensinam. Afinal, tudo além do lucro que compõe o preço das suas compras dessas companhias é custo do produto, que existirá em todos os regimes políticos que possam ser implantados no Brasil, seja pelos radicais ou pelos ditos “movimentos sociais”. Seguindo essa lógica, se o Capitalismo fosse eliminado, os preços teoricamente poderiam cair no exato percentual do lucro embutido. Percentual insignificante para as muitas comodidades oferecidas. Assim, para compensar o risco que o empreendedor assume de poder perder tudo, de usar seu capital a serviço da sociedade em vez de usá-lo em proveito próprio, o lucro obtido é uma remuneração justa e aceitável. Alguns intelectuais esquerdistas da nossa classe pensante continuam a ensinar que temos aqui um capitalismo selvagem explorando a todos. Esquecem deliberadamente de mencionar que em torno de 50% dos custos pagos, em sua grande maioria, são impostos arrecadados pelo governo federal, referendando assim o que já foi afirmado por >Stephen Kanitz na Revista Veja, em sua edição 1817. O mesmo governo que por meio de suas agências reguladoras autoriza aumentos muito acima da inflação justamente para as empresas com preços administrados, colocando-as entre as mais lucrativas do país, juntamente com os bancos e outras poucas exceções de setores específicos. Para estes mesmos mestres da sabedoria, formadores de opinião, extorquir em torno de 50% do consumidor com imposto, para devolver muito pouco ou quase nada à sociedade, é considerado justo, mas obter um lucro de 2,2% para oferecer o produto, trabalhar, correr todos os riscos, é um crime social a ser eliminado. Todos que se manifestam sobre o lucro deveriam consultar e entender as publicações dos balanços das nossas empresas para não venderem à população uma falsa consciência e realidade do que está acontecendo no Brasil. Se nas escolas os nossos alunos aprendessem a ler os balanços das empresas, poderiam verificar isso por si mesmos e expressar as suas convicções, ajudando a formar um país melhor.
Renato Jackisch/Empresário, administrador, contador e advogado
in Gazeta do Sul