A arte de pesquisar em Ciências Contábeis

A arte de pesquisar em Ciências Contábeis

É notório que o conhecimento gerado pela humanidade, historicamente, decorre da atuação de pesquisadores, nas diversas áreas do conhecimento. Na ciência contábil, em particular, desde 1200, já existiam trabalhos sobre a arte de escriturar e apurar resultados. Mediante o uso da imprensa, criada por Gutemberg, houve a divulgação, em massa, de contribuições importantes, como o método das partidas dobradas, apresentado por Pacioli, em 1494, na obra “Summa de Arithmetica, Geometria proportioni et propornalità”.

Atualmente, o exercício da docência em Ciências Contábeis pressupõe, além da atuação como professor, atividades de produção científica, concomitante à exigência de titulação como mestre ou doutor. Para aqueles que atuam em instituição de ensino (IES) não pública, é preciso aliar a atividade profissional com as atribuições da docência. Além de preparar aulas, atualizar conteúdos, orientar trabalhos de conclusão, recorrendo a livros e artigos científicos de qualidade, há a necessidade de gerar novos conhecimentos, através da própria pesquisa.

Adicionalmente, os resultados obtidos precisam ser transformados em publicações, tanto para atender aos aspectos legais de pontuação do curso e da IES, como em contribuição à ciência contábil.

Nesse panorama, emerge uma nova variável, na forma dos sujeitos de pesquisa: dirigentes de organizações e profissionais da contabilidade. São eles os destinatários dos questionários encaminhados, visando a obter, além das demonstrações contábeis, informações sobre processos e modelos de gestão, formas de tributação, custos, estoques e outros temas, nos diversos ramos da contabilidade.

Nesse olhar, o campo de estudos da contabilidade parece amplo para aqueles que se dedicam às pesquisas. Na prática, nem sempre ocorre, visto um contexto de atuação permeado por inúmeras exigências legais, com prazos para cumprir, sem muito tempo disponível para que contadores e empresários possam dar atenção aos questionários.

Por outro lado, os estudos precisam contemplar população e amostra dentro de probabilidades estatísticas, ponto nem sempre fácil de alcançar. Em algumas situações, o esforço para conseguir as respostas necessárias acaba sendo maior, quando diferentes estudos estão focados nos mesmos sujeitos de pesquisa. Como exemplo, investigações que buscam saber as percepções de empresários sobre a atual carga tributária, ou, então, sobre o estágio de preparação dos contadores em relação às exigências da escrituração digital.

Dependendo do período em que recebem tais questionários, tendo que atender as demandas de trabalho, muitos A arte de pesquisar em Ciências Contábeis Osmar Antonio Bonzanini profissionais declinam de respondê- los. O mesmo tende a ocorrer com estudos que envolvem gestores, nos casos em que tratam de dados quantitativos, quase sempre sigilosos, dificuldades que não são exclusivas dos pesquisadores brasileiros.

Em uma enquete realizada, investigadores de países como Estados Unidos, Inglaterra, Espanha e Canadá, relatam problemas semelhantes e há situações com oferta de bônus e outros benefícios, aos respondentes, visando alcançar o número de respostas necessárias. Diante dos desafios apresentados, cabe ao pesquisador encontrar uma forma de obter êxito em seus estudos.

Longe de tecer qualquer crítica à classe ou aos profissionais, o objetivo deste texto está em propor uma reflexão sobre o tema, visto que a ciência contábil avança a partir das contribuições daqueles que atuam na pesquisa e na docência, constantemente desafiados a buscar respostas, as quais resultam em novas contribuições para o conhecimento.

Autor: Osmar Antonio Bonzanini – Integrante da Comissão de Estudos do Acompanhamento da Área do Ensino Superior do CRCRS

Fonte: Portal Contábil SC, 29/06/2016 | Imagem: aqui

Editoria: Prof. Alexandre Alcantara

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