Valor Justo: mudanças se aproximam
Europa também avalia mudança no valor justoValor Econômico
As propostas dos Estados Unidos para relaxar as normas contábeis do valor justo dos ativos poderão alterar as práticas no mundo, depois que o órgão que define os padrões internacionais disse que também discutirá as mudanças.
A contabilidade pelo valor justo exige que as empresas divulguem a maior parte das posições financeiras pelos preços de mercado. Os críticos dizem que a queda dos preços reduziu o lucro dos bancos e minou as reservas de capital.
O Financial Accounting Standards Board dos EUA preparava anteontem a divulgação de um documento que dará a bancos e outras empresas mais liberdade na avaliação dos ativos financeiros.
Mais títulos serão avaliados por modelos de computador, em vez e por preços de mercado, e muitos deverão aumentar de valor. Uma mudança de regra poderá ser implementada já no mês que vem.
O International Accounting Standards Board (Iasb) concordou ontem em submeter os documentos aqueles que seguem suas regras – mais de cem países. Tanto o Iasb como seu congênere americano vinham resistindo às mudanças. Mas as pressões políticas nos EUA levaram às alterações, enquanto o Iasb foi forçado pela Comissão Europeia a amenizar as próprias regras no fim de 2008.
A mudança de regra iminente está atraindo críticas e elogios. “Vinha me perguntando há cerca de dois anos por que eles ainda não haviam feito isso”, disse Ed Yardeni, da consultoria Yardeni Research. “A marcação a mercado implica que existe um mercado que fornece informações precisas, mas essa suposição foi por água abaixo.”
Mas Shyam Sunder, professor da Universidade de Yale e crítico do valor justo, acha que a decisão foi mal avaliada. “Quando se olha o mercado para decidir as regras, é a mesma coisa que não ter regra nenhuma.”
Lynn Turner, ex-diretora da comissão de valores mobiliários americana (SEC), disse: “Eles estão fazendo os padrões contábeis regredir quatro décadas”.
Valor Econômico, 19/03/2009 – Via: Contabilidade Financeira (César Tibúrcio) – grifos nossos
Valor Econômico, 19/03/2009 – Via: Contabilidade Financeira (César Tibúrcio) – grifos nossos
Reflexão:
Parece que a forma vai prevalecer sobre a essência, pois as bases da essência estão sendo questionadas porque os lucros estão caindo. Sendo assim, o que prevalecerá ao final serão (sempre) as normas, feitas por quem está de olho não apenas em evidenciar a essência, o real, e sim em melhorar os dividendos.
O debate precisa acontecer aqui no Brasil, pois ainda não tenho visto muitos contadores brasileiros questionarem as normas. Enquanto lá fora (de olho no lucro e não na essência) há questionamentos sobre como as normas estão regulando a percepção da essência, aqui o debate está focado fortemenete em que o prazo foi muito curto para convergir plenamente às IFRS! Estamos convergindoIFRS sem questionar!