Inglaterra: qualidade de auditoria em xeque
Auditores aprovam antes de analisar balanços
Transparência: Relatório de entidade fiscalizadora mostra chancelas prematuras das contas das empresas.
Por Adam Jones, Financial Times, de Londres – via Valor Econômico (22/07/2010) (grifos nossos)
Alguns auditores têm aprovado demonstrações financeiras de grandes clientes antes mesmo de concluir seu trabalho, revelou uma entidade fiscalizadora do setor numa avaliação crítica sobre a forma como são realizadas as verificações de contas das empresas.
Os auditores continuam a manter uma postura não cética, ao rever as afirmações da administração sobre as contas de suas empresas, foi a conclusão no relatório da Unidade de Inspeção de Auditorias do Conselho de Divulgação Financeiro. O relatório identificou “uma série de casos” de chancela prematura nas contas, antes mesmo da conclusão de todo o trabalho necessário.
O relatório não revelou o nome dos auditores responsáveis pela chancela prematura, mas disse que a questão “parece ser mais prevalente em uma importante firma, embora as pressões no fim de uma auditoria sejam visíveis também em outras empresas“. Em determinado caso, alterações significativas foram feitas nas demonstrações financeiras depois que um revisor oficial de contas as havia concluído.
A AIU monitora o trabalho de auditoria nas maiores companhias com ações em bolsa, bem como em algumas empresas de capital fechado, fundos de pensão, organizações sem fins lucrativos e fundos de investimentos.
Andrew Jones, diretor da AIU, disse que as chancelas prematuras refletem o desejo de algumas empresas de anunciar resultados preliminares auditados. Esses atalhos estão entre as falhas importantes verificadas em 17% das 81 auditorias checadas pela primeira vez pela AIU em 2009-10, ou seja, uma proporção semelhante à encontrada no ano anterior.
Paul George, diretor de auditoria da Diretoria de Supervisão Profissional, do FRC, disse que os auditores precisam por à prova os pressupostos assumidos pela administração das empresas clientes, especialmente na aferição do valor de ativos. “Nossa preocupação é com que eles buscam evidências para corroborar a opinião da administração, em oposição a contestar a visão dos administradores“.
Embora o relatório expresse desapontamento e mostre que algumas auditorias necessitam de melhorias, ele acrescentou que metade delas foi considerada boa, ou seja, um avanço em relação a 2009-2010. Em geral, as empresas de auditoria revelaram um desempenho satisfatório em termos de abordar as áreas onde eram necessários aperfeiçoamentos, segundo o estudo.
Comentários.
O artigo citado é “Auditors signing off before finishing work”
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De acordo com a matéria, 17% de casos de precipitação foi indentificada no Reino Unido, e este percentual se mateve “estável”, o que revela que é prática de algumas empresas. A matéria destaca que 50% fez um bom trabalho, e este percentual vem aumentando. O que é muito bom. Se a credibilidade dos auditores independentes for por água abaixo o mercado de capitais sofrerá sérios danos.
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Como será que os trabalhos de auditoria estão sendo feito aqui no Brasil?
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A CVM tem feito este tipo de acompanhamento junto as empresas de auditoria estabelecidas no Brasil?
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Seria muito bom que a CVM tivesse acesso a este relatório para saber quais são estes 17% de empresas auditorias do Reino Unido que se precipitam em opinar. Será que alguma das apontadas no relatório tem “filial” aqui no Brasil adotando a mesma prática?
(AAS)