Auditores sofrem pressão para alterar resultados

Acaba de ser divulgada pelo The IIA – Institute of Internal Auditors, maior e mais importante entidade de auditoria interna do mundo, a pesquisa: ‘O Pulso Global da Profissão”. Trata-se do mais amplo estudo da carreira no planeta, que identifica o perfil atual destes profissionais, através de uma avaliação ampla e independente.

 
O levantamento, feito com 1.700 auditores, revela resultados polêmicos como o dado que aponta que 13% dos executivos-chefes de auditoria interna que atuam no Brasil (5% na América do Norte), já sofreram algum tipo de influência para alterar, indevidamente, os resultados de seus trabalhos. Sendo que 21,5% (7% na América do Norte) destas pressões vieram de diretores financeiros.
 
Além disso, 16% dos executivos-chefes de auditoria interna do Brasil relatam que já tiveram, em algum momento, prejudicada a objetividade de seus departamentos ou foram afetados (influenciados) negativamente, por parte hierárquica superior dentro da organização. Em contrapartida, 43% afirmam que melhoraram a independência e a objetividade da auditoria interna quando alteraram a linha de reporte de seu departamento para um nível hierárquico mais alto dentro da estrutura de governança na organização.
 
Na visão de Renato Trisciuzzi, presidente do conselho de administração do Instituto dos Auditores Internos do Brasil – IIA Brasil, estes números alertam para a necessidade de ampliar, cada vez mais, os níveis de debates sobre ética corporativa e de ampliar mecanismos que fortaleçam a transparência e independência destes profissionais.
 
“Um dos caminhos para incentivar a ética é implantar a chamada: Três Linhas de Defesa, que é um modelo eficaz de controle da governança indicado entre as melhores práticas de gestão em uma organização”, explica.
 
Sobre a valorização da profissão, os executivos entrevistados dizem que 2013 é o ano com mais recursos pessoais e orçamentais à disposição, se comparado a qualquer outro, desde a crise de 2008. Globalmente, 21% relataram que houve aumento de pessoal em seus departamentos e 33% de ampliação no orçamento. No Brasil estes dados são ainda mais positivos, com 34% em contratações e 45% em recursos.
 
Pela primeira vez na historia da profissão o país recebeu os resultados obtidos das respostas de executivos brasileiros, privilégio concedido pelo The IIA apenas às nações que participaram ativamente da pesquisa. Entre o perfil dos entrevistados, a maioria atua como líder em sua organização, sendo que 15% pertencem a empresas listadas no ranking Fortune 1000.
 
Para Braselino Silva, diretor-presidente do IIA Brasil, a pesquisa tem um caráter de ‘termômetro’ capaz de mensurar quais as principais demandas e realizações dos profissionais de auditoria interna. “Foi uma conquista valiosa conseguirmos a versão brasileira deste estudo, que permitirá criarmos um panorama comparativo que avalie questões culturais e de qualificação de nossos auditores, com as de profissionais de outras partes do mundo”, revela.
 

Editoria: Prof. Alexandre Alcantara