Trabalho remoto é bom para você e para o planeta

Via Canal Executivo

 

As relações de trabalho caminham cada vez mais para modelos que valorizam a sustentabilidade do planeta e a satisfação do funcionário. É o que mostra o estudo da BSP – Business School São Paulo “O trabalho flexível nas empresas” sobre esse processo de transformação, que é impulsionado, principalmente, pelas tecnologias da informação.

 

De acordo com a pesquisa, dentre os 75 trabalhadores remotos, um total de 77% tem consciência de que o trabalho a distância contribui para a redução da poluição, 61% acredita que ajuda na qualidade de vida das pessoas, além de 46% crer ser uma forma de trabalho sustentável. Em proporção menor foram citadas como possível contribuição do trabalho remoto questões de grande interesse para as empresas como redução de absenteísmo, com 32%; redução da supervisão presencial, 25%; retenção de talentos, 24%; dedicação do profissional, 24%; inclusão social, 24%; e aumento da produtividade (22%).

 

Dados que poderiam ser considerados como negativos para a adoção do trabalho remoto foram menos citados. Apenas 19% dos respondentes consideram que esse tipo de trabalho dificulta o controle do funcionário ou que limita a vida social (13%) ou ainda marginaliza o colaborador (11%).

 

Uma em cada três empresas que utiliza o trabalho remoto apresenta indicadores de satisfação, como melhoria na qualidade de vida, ganho de tempo, flexibilidade, melhorias na saúde, diminuição do stress e valorização pela confiança depositada. Para Alvaro Mello é apenas uma questão de tempo e adaptação das empresas aos novos tempos.

 

“Há por parte das companhias uma consciência crescente da necessidade de se criar condições de trabalho que prezem pelo meio ambiente e pela qualidade de vida. Além disso, a prática do trabalho flexível tem se mostrado uma ótima ferramenta para o rendimento e a produtividade do trabalho”, afirma.

 

Conhecimento e aplicação do trabalho remoto

Para o coordenador do estudo, o tema deve ganhar ainda mais relevância com a alteração do artigo 6º da Consolidação de Leis do Trabalho (CLT), sancionada no final do ano passado pela presidente Dilma Roussef. Pela nova lei, não há distinção para os colaboradores que adotam o trabalho a distância ou o escritório do empregador.

 

Se considerarmos a base total de respondentes (150), praticamente a metade adotou alguma modalidade de trabalho flexível nos últimos 12 meses. São pessoas que trabalharam regularmente durante parte do expediente longe do seu local de trabalho, com acesso remoto a empresa. Entre as empresas que adotaram, a prática é verificada em maior proporção, com 62%, nas empresas com 20 a 40 funcionários. Já nas organizações com mais de 500 funcionários, que não possuem trabalhadores remotos, representam a maioria, com 59%.

 

No universo de 75 trabalhadores remotos, as principais funções exercidas foram técnicas (56%), comercial/vendas (47%), administrativas (44%) e atendimento ao cliente (31%). Ao mesmo tempo, algumas dessas atividades foram consideradas como não adequadas para o trabalho remoto como administrativas (40%), atendimento ao cliente (25%) e funções técnicas (19%).
Entre as tecnologias adotadas, tanto para o trabalho tradicional como para o remoto, as mais utilizadas são a internet com 81%, para os que atuam fisicamente no escritório e 79% no caso dos teletrabalhadores, seguido do e-mail/ webmail, 67% e 82% respectivamente; VOIP com 69% e 67%; smartphone com 56% e 51% e banco de dados com 46 e 57%.

 

Cultura Corporativa

O estudo da BSP revela que a preocupação em gerenciar as tarefas,

uma das barreiras para a adoção das modalidades flexíveis de trabalho, não se mostrou diferente em relação ao modelo tradicional. As formas de gerenciamento dos funcionários e do processo de avaliação, com 95% e 94% respectivamente, parecem ser os mesmos para quem adota o trabalho a distância, também considerando a base de 75 respondentes.

 

A questão da segurança da informação também preocupa. Mas o que se verificou é que apenas uma em cada quatro empresas puniu ou desligou funcionários por uso indevido de internet, e uma em cada cinco por uso indevido de informação da empresa.

 

“Os dados mostram que a adoção de alguma modalidade de trabalho flexível pelas empresas parece apenas ser questão de maior difusão, conhecimento do tema e maior clareza nas questões culturais dos gestores”, explica Mello.

 

A utilização do trabalho remoto ocorre em função de dois principais fatores: por estratégia da organização e necessidade dos profissionais, ambos com 45%. Foi verificado que pouco mais de um quarto das empresas fornece os recursos necessários (instalações, mobiliário e telefonia) para o trabalho flexível. E metade da amostra dos 75 respondentes declarou que os recursos são tanto da empresa quanto do próprio trabalhador. Assim, quase um terço dos que trabalham remotamente usam recursos próprios.

 

Quando questionados sobre o conhecimento do tema, o termo teletrabalho foi considerado o menos adequado citado por apenas 9% dos 150 entrevistados. Já o trabalho remoto, com 34%, ou trabalho flexível, com 20%, parecem ser as formas mais adequadas para gerar o conhecimento sobre o tema, ou até mesmo o trabalho a distância.

 

Futuro

De acordo com o professor da BSP, a tendência de crescimento da modalidade do trabalho remoto nos próximos meses é alta. “Para 52% das empresas que utilizam alguma prática de trabalho flexível a modalidade deve se expandir”, ressalta o coordenador do estudo.

 

Segundo ele, a adoção ainda sofre com o problema cultural das empresas e dos gestores no que se refere ao controle do trabalho e o despreparo do trabalhador. “Por outro lado, constatamos que a grande maioria das empresas reconhece que a produtividade do trabalhador é igual ou maior no trabalho a distância”, conclui.

 

Pesquisa

O levantamento consultou 236 empresas de diversos segmentos e tamanhos, que mostrou, entre outros, o nível de conhecimento do tema, os modelos adotados e as principais vantagens e barreiras do trabalho flexível. Ao total, foram 150 respondentes, e desse número, 75 são de profissionais que aderem à modalidade.

 

O estudo foi realizado, entre maio e outubro de 2011, pelo Centro de Estudos de Teletrabalho e Alternativas de Trabalho Flexível (Cetel) da BSP, coordenado pelo Professor Alvaro Mello, também presidente da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividade (Sobratt).


Fonte: Canal Executivo


Editoria: Prof. Alexandre Alcantara