O impacto da padronização dos históricos nos extratos bancárias para a atividade de auditoria contábil

O impacto da padronização dos históricos nos extratos bancárias para a atividade de auditoria contábil

Por Alexandre Alcantara

Um dos procedimentos básicos na auditoria contábil consiste em analisar as operações financeiras, confrontando as informações constantes nos extratos bancários fornecidos pelas instituições financeiras com as informações consignadas na escrituração contábil do auditado, validando se as contas contábeis envolvidas no registro contábil foram realizadas de forma adequada (data, valor, histórico, etc.).

Das informações constantes nos extratos bancários, o histórico do lançamento merece atenção especial, através de procedimento de auditoria contábil tributária específico, buscando identificar impactos de possíveis erros na contabilização dos eventos contábeis. Trabalhamos em nossos treinamentos ministrados para auditores fiscais – através de estudos de casos – a importância da necessidade de analisar com bastante atenção os históricos dos lançamentos contábeis (Registro I250: Partidas do Lançamento, da Escrituração Contábil Digital) observando se há correspondência com a natureza do lançamento constante no extrato, dentre outros análises e correlação possíveis.

Tratamos deste e de outros procedimentos em uma subseção específica para o tema em nosso Manual de Auditoria Contábil Tributária, conforme trecho a seguir:

“Quando a descrição da operação narrada no histórico não guardar correspondência com a natureza da própria conta ou das contas utilizadas na contrapartida do lançamento, é recomendável realizar uma análise detalhada da operação, solicitando da empresa a apresentação de documentação hábil e idônea que comprove tal operação”. (SILVA, 2024, p. 219-221, subseção 7.3.6) [1]

A recente decisão da FEBRABAN em iniciar o processo de padronização dos históricos dos lançamentos nos extratos bancários sem dúvida é um ótimo passo para a automação de alguns processos de auditoria, os quais, uma vez desenvolvidos em aplicativos de auditoria que permitem a sua incorporação à ferramenta – a exemplo do Contágil Lite (através dos MAD e Scripts, sejam eles visuais ou não) – podem ser aplicados nas auditorias de outros contribuintes, economizando tempo na sua execução, e compartilhamento com outros auditores ou equipes de auditoria.

A padronização permitirá por exemplo que operações de depósitos de cheque em caixas eletrônicos (DEP CHEQUE ATM)  e saques em espécie no caixa da agência (SAQUE DIN CARTAO AG) sejam facilmente e uniformemente descritos nos extratos . A medida visa simplificar as informações bancárias, unificando mais de 4 mil nomenclaturas diferentes atualmente usadas pelos bancos.

Confira a seguir a nota de divulgação da FEBRABAN, explicando que a partir de 8 de julho, os bancos associados à federação padronizarão as nomenclaturas dos extratos bancários para facilitar a compreensão dos clientes.


Extratos bancários serão padronizados pelos bancos a partir de 8 de julho

Medida inicialmente abrange as operações de depósito e saque e vai melhorar a compreensão das informações pelos clientes

Assista ao vídeo com Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban, comentando sobre o tema neste link [o link direcionará a uma página externa que irá requerer um cadastro, mas o vídeo não irá carregar].

Os bancos associados à Federação Brasileira de Bancos (Febraban) irão padronizar as nomenclaturas dos extratos bancários a partir de 8 de julho. A medida irá abranger inicialmente as várias denominações existentes para as operações de saque e depósito e posteriormente outras operações financeiras serão incluídas.

É mais uma iniciativa do setor bancário para facilitar o dia a dia dos clientes, tornando a compreensão das informações mais acessível, principalmente para aqueles que possuem ou precisam acessar contas bancárias de mais de uma instituição financeira. Veja dois exemplos:

Pela nova nomenclatura, operações como “depósito de cheque no ATM”, que engloba situações em que o cliente deposita cheque nos caixas eletrônicos (ATM) da agência da conta creditada, passam a ser descritas no extrato sob a sigla “DEP CHEQUE ATM”.

Nas operações de saque, como “saque de dinheiro em espécie no caixa convencional dentro da agência com cartão da conta”, que engloba situações em que o cliente saca dinheiro em espécie no caixa convencional da agência com o cartão da conta, serão impressas nos extratos como “SAQUE DIN CARTAO AG”.

Atualmente, os bancos usam mais de 4 mil tipos de nomenclaturas diferentes em suas operações, o que gera diferenças significativas entre os bancos para um mesmo tipo de operação financeira. A iniciativa vai universalizar as informações, trazendo mais compreensão ao cliente sobre a operação que ele realizou, além de ampliar o acesso da população aos serviços bancários”, afirma Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban.


[1] SILVA, Alexandre Alcantara da. Manual de Auditoria Contábil Tributária. Vitória da Conquista, Edição do Autor, 2024. 448 p.

Editoria: Prof. Alexandre Alcantara