Marcação a mercado: o jogo de interesses.
Parece que o IASB não está conseguindo seduzir o mundo de forma tão fácil. Acusações de ingerência na entidade tem sido levantada a cada instante, não apenas ao redor do mundo, mas de forma muito acanhada aqui no Brasil.
Não tenho dúvida da necessidade de um processo de harmonização/convergência de normas internacionais de contabilidade, mas a falta de cuidado e a ingerência no IASB (vide matérias abaixo), tem comprometido a independência e a qualidade das normas, que a todo instante são modificadas.
O assunto mais recorrente é a questão da marcação de valor a mercado.
Não é o valor de mercado que está sendo registrado, mas o valor que o mercado quer ver marcado, caso a regra até então vigente “distorça” o resultado (leia-se: dividendos e bônus).
Será que o mensageiro está fazendo o serviço sujo do banqueiro e demais especuladores? Vale lembrar que “mensageiro” é o apelido pejorativo dado à contabilidade nos últimos meses. Que tristeza. Uma vergonha, diria o Boris! Deveria ser esta a reação dos contadores brasileiros. Mas infelizmente não é o que temos visto na mídia, e na maioria dos sites e blogs de cunho acadêmico. Será que fomos seduzidos? Dizem que o amor é cego!
O que se sinaliza é que as normas ainda mudarão. A forma está prevalecendo sobre a essência, pois a essência (emanada por algumas instituições em forma de norma) está sujeita a quem está comandando a forma (será que as instituições são mesmo independentes e pesquisam com seriedade antes de divulgá-las? Isto está sendo questionado, lá fora, é claro!).
Estão mudando as regra do jogo no final do segundo tempo… (vide matéria “A vitória contábil dos bancos americanos”) Este negócio de que “… a Fasb clarificou as regras…” … Posso inferir então que nos tempos das vacas gordas as regras estavam sendo utilizadas sem muita precisão, pois “só agora” os banqueiros tem na mão “regras claras” sobre como valorar instrumentos financeiros. Será que os lucros de outroura eram realmente aqueles lucros? Se não foram, teve gente recebendo dividendos e bônus indevidos… Não concordo com o título da matéria. A vitória foi (por enquanto) dos bancos, nunca não contabilidade.
Quando a coisa ficar muito feia, talvez o PROER de Obama apague o incêndio com alguns bi de US$.
Será que não estamos importando cegamente os normativos internacionais. Espero que no Brasil não estejamos cultivando os nossos próprios escândalos contábeis, e que não caiamos na tentação de também ficar mudando as regras ao sabor dos bônus e dividendos comprometidos.
Precisamos de uma contabilidade que seja séria e não um mero “mensageiro” na mão de especuladores.
Selecionei alguns textos que mostram a fragilidade do órgão regulador e alguns apimentadas críticas ao sistema normativo internacional. Nada melhor para avanço das ciências contábeis que a reflexão.
(AAS)